Buscar
×

O que é regurgitação? Entenda causas e sintomas!

Este artigo foi publicado pelo autor Stéfano Barcellos em 05/10/2024 e atualizado em 05/10/2024. Encontra-se na categoria Artigos.

A regurgitação é um fenômeno que ocorre quando o conteúdo do esôfago, principalmente o alimento previamente ingerido, retorna à boca sem esforço ou náuseas, diferentemente do vômito, que é mais violento e envolve contrações abdominais. Esse processo pode ser desconfortável e, em alguns casos, levar a complicações de saúde. Neste artigo, vamos explorar em profundidade o que é regurgitação, suas causas, sintomas, diagnóstico e tratamento, fornecendo uma visão abrangente deste assunto.

O que acontece durante a regurgitação?

Quando ocorre a regurgitação, o processo inicia-se na parte inferior do esôfago, onde o esfíncter esofágico inferior (EEI) não consegue manter o conteúdo do estômago contido. Isso pode levar ao retorno de alimentos, líquidos ou ácido estomacal à boca. A regurgitação é comum em certos contextos, como em recém-nascidos, mas pode afetar pessoas de todas as idades. É importante diferenciar entre a regurgitação e o vômito, uma vez que os tratamentos e implicações para a saúde podem ser bastante diferentes.

Causas da regurgitação

Existem várias causas que podem levar à regurgitação. Aqui estão algumas mais comuns:

1. Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE)

A DRGE é uma condição crônica que ocorre quando o ácido estomacal volta para o esôfago. Isso pode causar regurgitação frequente, além de sintomas como azia e dor no peito. A DRGE acontece quando o EEI se enfraquece ou relaxa de forma inadequada, permitindo que o conteúdo estomacal suba.

2. Problemas anatômicos

Anomalias estruturais do esôfago ou do estômago, como hérnia de hiato, podem contribuir para a regurgitação. Nesses casos, a pressão abdominal pode forçar a abertura do esfíncter esofágico, resultando em refluxo do conteúdo estomacal.

3. Estilo de vida e hábitos alimentares

Hábitos como comer rapidamente, consumir alimentos picantes, carbonatados ou gordurosos, e o hábito de se deitar logo após as refeições podem aumentar a probabilidade de regurgitação. O consumo excessivo de bebidas alcoólicas e cafeinadas também tem relação com o refluxo.

4. Gravidez

Durante a gravidez, alterações hormonais e o aumento da pressão abdominal podem causar regurgitação. Estima-se que uma porcentagem significativa de mulheres grávidas experimente esse sintoma, especialmente no terceiro trimestre.

5. Doenças neurológicas

Condições que afetam o sistema nervoso, como esclerose múltipla e doença de Parkinson, podem afetar o funcionamento do esôfago e contribuir para a regurgitação. Nesses casos, a motilidade esofágica é comprometida, dificultando a passagem do alimento para o estômago e levando ao seu retorno.

6. Medicamentos

Alguns medicamentos, especialmente aqueles que afetam a motilidade intestinal (como opioides), podem ter como efeito colateral a regurgitação. Outros fármacos, como anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), podem provocar irritação gástrica, contribuindo para o refluxo.

Sintomas associados à regurgitação

Os sintomas de regurgitação podem variar dependendo da causa subjacente. Algumas das manifestações mais comuns incluem:

1. Sensação de queimação

A azia é um sintoma frequente associado à regurgitação, caracterizado pela sensação de queimação na região do estômago ou no peito. Isso ocorre devido à irritação do esôfago pelo ácido estomacal que sobe juntamente com o conteúdo.

2. Dificuldade para engolir

Problemas de motilidade esofágica podem levar a dificuldades para deglutir. Essa condição é conhecida como disfagia e pode ser acompanhada por dor ao engolir, tornando a alimentação desconfortável.

3. Coração acelera

A regurgitação pode, em alguns casos, ser acompanhada por palpitações ou sensação de coração acelerado, especialmente se a condição estiver relacionada à DRGE.

4. Náuseas

Embora a regurgitação em si não envolva náuseas, alguns pacientes podem sentir náuseas periodicamente, principalmente se a regurgitação ocorrer após refeições.

5. Mau hálito

A presença de ácido e de alimentos não digeridos pode contribuir para a halitose, um problema que pode impactar a qualidade de vida da pessoa afetada.

6. Tosse crônica

A regurgitação frequente pode irritar a garganta e, em alguns casos, levar a tosse crônica ou a sensação de excesso de muco na garganta.

Diagnóstico da regurgitação

O diagnóstico da regurgitação geralmente começa com uma avaliação médica detalhada. O médico irá coletar informações sobre os sintomas, histórico clínico e hábitos alimentares do paciente. Alguns exames que podem ser solicitados incluem:

1. Endoscopia Digestiva Alta

Esse procedimento envolve a inserção de um tubo flexível com uma câmera no esôfago e no estômago para visualização de quaisquer anormalidades, como inflamação, úlceras ou hérnia de hiato.

2. Manometria Esofágica

A manometria mede a pressão e a motilidade do esôfago. Este exame pode ajudar a identificar áreas de fraqueza muscular que possam estar contribuindo para a regurgitação.

3. pH-metria Esofágica

A pH-metria avalia a acidez do esôfago a fim de determinar se o refluxo ácido está presente. Este exame pode ser realizado em conjunto com a manometria.

4. Ultrassonografia Abdominal

Em alguns casos, uma ultrassonografia pode ser solicitada para avaliar o funcionamento do estômago e detectar anomalias anatômicas que possam contribuir para a regurgitação.

Tratamento da regurgitação

Os tratamentos para regurgitação dependem da causa subjacente. Aqui estão algumas opções que podem ser consideradas:

1. Mudanças no estilo de vida

A adoção de um estilo de vida saudável é crucial para controlar a regurgitação. Isso pode incluir:

2. Medicamentos

Diversos medicamentos podem ser utilizados para reduzir a regurgitação e suas manifestações. Algumas das classes mais comuns incluem:

3. Terapias comportamentais

Algumas técnicas de terapia podem ajudar a tratar a regurgitação em casos onde fatores emocionais ou de comportamento contribuem para a condição. Isso pode incluir treinamento alimentar e terapia cognitivo-comportamental.

4. Cirurgia

Em casos graves, onde os métodos conservadores não são eficazes, opções cirúrgicas, como a fundoplicatura, podem ser consideradas. Esse procedimento visa reforçar o esfíncter esofágico inferior para manter o ácido estomacal no lugar e prevenir o refluxo.

Complicações da regurgitação

Embora a regurgitação por si só possa ser desconfortável, suas consequências podem ir além. Algumas complicações podem incluir:

1. Esofagite

A inflamação do esôfago devido à exposição ao ácido estomacal pode causar dor e dificuldade para engolir. A esofagite crônica pode levar a complicações mais graves.

2. Estenose esofágica

O refluxo crônico pode resultar em cicatrização do tecido esofágico, levando à estreitamento do esôfago. Isso pode causar disfagia e requerer tratamento médico.

3. Barrett esôfago

Essa condição é uma complicação desencadeada pelo refluxo gastroesofágico a longo prazo e envolve uma alteração nas células que revestem o esôfago, tornando-o mais suscetível ao câncer esofágico.

4. Aspiração pulmonar

Se o conteúdo gástrico entrar nos pulmões durante episódios de regurgitação, pode ocasionar pneumonia por aspiração, uma condição grave que requer intervenção médica imediata.

Conclusão

A regurgitação é uma condição que, apesar de relativamente comum, pode ter um impacto significativo na qualidade de vida de quem a experiencia. Entender suas causas, sintomas e opções de tratamento é fundamental para aqueles que lidam com este problema. Se você sofre de regurgitação frequente, é recomendável buscar avaliação médica para determinar a causa e o tratamento adequado. Com as medidas corretas, é possível minimizar os sintomas e melhorar o bem-estar geral.

FAQ - Perguntas Frequentes

O que é a diferença entre regurgitação e vômito?

A regurgitação é o retorno involuntário de conteúdo do esôfago à boca, sem a contração abdominal que caracteriza o vômito, que é um processo mais forçado e muitas vezes acompanhado de náuseas.

A regurgitação é comum em crianças?

Sim, é comum em recém-nascidos devido ao sistema digestivo imaturo. Na maioria dos casos, a regurgitação em crianças diminui à medida que elas crescem e seus sistemas digestivos amadurecem.

A regurgitação pode ter consequências graves?

Embora seja comum, se a regurgitação ocorrer com frequência, pode levar a complicações como esofagite, estenose esofágica ou Barrett esôfago, que requerem atenção médica.

O que posso fazer para prevenir a regurgitação?

Adotar hábitos alimentares saudáveis, evitar alimentos desencadeantes e não se deitar após as refeições são algumas das medidas que podem ajudar a prevenir a regurgitação.

Referências

  1. Vivan, A. C., & Mega, M. C. (2021). Doença do Refluxo Gastroesofágico: Atualizações. Jornal Brasileiro de Gastroenterologia.
  2. Silveira, N. F. (2020). Manual de Gastroenterologia. Medbook.
  3. World Gastroenterology Organisation. (2019). Guidelines: Gastroesophageal Reflux Disease. WGO.
  4. Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva. (2018). Diretrizes sobre a Doença do Refluxo Gastroesofágico.
  5. Associação Brasileira de Nutrição. (2022). Alimentos que podem desencadear o refluxo.

Deixe um comentário