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O que é dissociação? Entenda seu significado e causas

Este artigo foi publicado pelo autor Stéfano Barcellos em 05/10/2024 e atualizado em 05/10/2024. Encontra-se na categoria Artigos.

A dissociação é um termo frequentemente utilizado em contextos psicológicos, clínicos e até mesmo em discussões cotidianas. Mas, o que realmente significa esse conceito? A dissociação envolve um distúrbio que pode afetar a maneira como uma pessoa percebe a realidade e pode ocorrer em diferentes níveis de intensidade. Neste artigo, vamos explorar seu significado, suas causas, os sintomas associados e como esse fenômeno afeta a vida das pessoas. Entender a dissociação é importante não apenas para aqueles que a vivenciam, mas também para amigos e familiares que podem querer ajudar.

O que é dissociação?

A dissociação é um mecanismo de defesa mental que se manifesta quando a mente tenta lidar com experiências intensamente desagradáveis ou traumáticas. Em um estado dissociativo, a pessoa pode sentir que está desconectada de suas emoções, de sua identidade ou do ambiente ao seu redor. Isso pode ocorrer como uma resposta a eventos estressantes ou traumáticos, como abuso, acidentes, desastres naturais ou outras experiências que podem causar dor emocional intensa.

O fenômeno da dissociação pode se manifestar de várias formas, incluindo, mas não se limitando a, despersonalização (a sensação de estar se observando de fora) e desrealização (a sensação de que o ambiente não é real). Cada pessoa pode experienciar a dissociação de maneira única, e os sintomas variam amplamente.

Tipos de dissociação

1. Despersonalização

A despersonalização é um tipo de dissociação onde a pessoa sente uma desconexão de sua própria identidade. Ela pode sentir que está observando a si mesma, como se estivesse em um filme. Essa experiência pode ser aterrorizante, pois a pessoa pode sentir que não está no controle de seu corpo ou de suas ações.

2. Desrealização

A desrealização é quando o ambiente ao redor parece irreal ou distorcido. As coisas podem parecer estranhas, distantes ou como se estivessem embaçadas. Essa sensação pode ser temporária e desencadeada por estresse ou ansiedade.

3. Amnésia dissociativa

A amnésia dissociativa é uma perda de memória que não pode ser explicada por esquecimento normal. As pessoas que sofrem de amnésia dissociativa podem esquecer eventos específicos, como um trauma, ou até mesmo aspectos de sua identidade.

4. Transtorno dissociativo de identidade

O transtorno dissociativo de identidade (TDI), anteriormente conhecido como "transtorno de múltiplas personalidades", é uma condição mais complexa onde uma pessoa apresenta duas ou mais identidades distintas ou estados de personalidade, cada um com seu próprio padrão de percepção e interação com o ambiente.

Causas da dissociação

As causas da dissociação são variadas e frequentemente estão ligadas a experiências traumáticas ou estressantes. A natureza disso pode variar amplamente de pessoa para pessoa, mas algumas causas comuns incluem:

1. Trauma emocional

Experiências traumáticas na infância, como abuso físico, emocional ou sexual, podem levar a episódios de dissociação. Isso é particularmente comum em crianças, que podem desenvolver mecanismos de defesa para lidar com a dor e o medo.

2. Estresse agudo

Situações de estresse extremo, como a perda de um ente querido, separações, acidentes graves ou mesmo experiências de guerra, podem desencadear episódios dissociativos.

3. Abuso de substâncias

O uso de drogas ou álcool pode aumentar a vulnerabilidade a episódios dissociativos. Algumas substâncias podem induzir estados temporários de dissociação.

4. Fatores genéticos e neurobiológicos

Embora o trauma psicológico seja um fator significativo, também existem pesquisas que sugerem que a predisposição genética e a química do cérebro podem influenciar a probabilidade de uma pessoa desenvolver dissociação.

Sintomas da dissociação

Os sintomas da dissociação podem variar muito de uma pessoa para outra, mas incluem alguns dos seguintes:

1. Sensação de estar desconectado

Como mencionado anteriormente, muitas pessoas descrevem a sensação de não estarem em seus corpos ou de estarem assistindo a seus próprios atos de uma perspectiva externa.

2. Vazio emocional

Algumas pessoas podem sentir uma falta de emoções ou uma incapacidade de sentir prazer nas coisas que antes achavam agradáveis.

3. Dificuldades de memória

Como a amnésia dissociativa sugere, as pessoas podem ter dificuldade em recordar certos eventos, especialmente aqueles associados a traumas.

4. Alterações na percepção do tempo

A dissociação pode fazer com que as pessoas sintam que o tempo está passando de maneira diferente, como se o tempo estivesse acelerado ou desacelerado.

Diagnóstico da dissociação

O diagnóstico de dissociação é uma tarefa complexa que deve ser realizada por um profissional de saúde mental qualificado. O médico pode usar uma combinação de entrevistas clínicas, questionários e testes de avaliação para determinar a presença de sintomas dissociativos e avaliar a gravidade da condição.

1. História clínica

O profissional começará com uma avaliação da história clínica do paciente, explorando qualquer histórico de traumas, estresse significativo e outros problemas de saúde mental.

2. Testes de avaliação

Existem questionários e escalas padronizadas que podem ajudar a medir a gravidade da dissociação e identificar se os sintomas estão afetando a vida diária da pessoa.

Tratamento da dissociação

O tratamento de distúrbios dissociativos pode envolver uma variedade de abordagens terapêuticas, dependendo das necessidades individuais do paciente. Algumas das opções de tratamento mais comuns incluem:

1. Psicoterapia

A terapia é frequentemente considerada a forma mais eficaz de tratamento para a dissociação. Muitas vezes, os terapeutas usam técnicas como a terapia cognitivo-comportamental (TCC) e a terapia de exposição para ajudar os pacientes a processar experiências traumáticas e desenvolver habilidades de enfrentamento.

2. Medicamentos

Em alguns casos, medicamentos antidepressivos, ansiolíticos ou estabilizadores de humor podem ajudar a aliviar os sintomas associados à dissociação. No entanto, é importante que a medicação seja sempre administrada por um profissional qualificado.

3. Técnicas de autocuidado

Práticas de autocuidado, como meditação, ioga e exercícios regulares, podem ajudar a reduzir a ansiedade e melhorar a sensação de conexão com o corpo e com o ambiente.

Conclusão

A dissociação é um fenômeno complexo que pode afetar profundamente a vida de uma pessoa. Compreender o que é dissociação, suas causas e sintomas é fundamental tanto para os afetados quanto para aqueles que desejam oferecer suporte. O tratamento é possível e pode ajudar a restaurar a sensação de conexão e normalidade. Se você ou alguém que você conhece está lidando com sintomas dissociativos, procure ajuda profissional imediatamente. A recuperação é um caminho viável e pode levar a uma vida mais satisfatória e integrada.

FAQ

O que devo fazer se eu ou alguém que conheço estiver experienciando dissociação?

Se você ou alguém próximo estiver experienciando sintomas dissociativos, é importante buscar ajuda profissional. Um terapeuta ou psicólogo pode ajudar a navegar por essas experiências e oferecer estratégias de enfrentamento.

A dissociação é sempre causada por traumas?

Embora o trauma seja uma causa comum da dissociação, existem outros fatores, como estresse extremo e abuso de substâncias, que também podem contribuir para o desenvolvimento de sintomas dissociativos.

A dissociação pode ser tratada?

Sim, a dissociação pode ser tratada através de psicoterapia, medicamentos e práticas de autocuidado. O tratamento deve ser personalizado com o auxílio de um profissional de saúde mental.

A dissociação é permanente?

Não, a dissociação não é necessariamente uma condição permanente. Com tratamento e apoio adequados, muitas pessoas são capazes de gerenciar seus sintomas e levar uma vida plena e satisfatória.

Referências

  1. American Psychiatric Association. (2013). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (5th ed.). Arlington, VA: Author.
  2. Spiegel, D., & Nails, J. M. (2009). "Dissociation in trauma: Theoretical and practical considerations." Journal of Trauma & Dissociation, 10(3), 301-318.
  3. Van der Kolk, B. A. (2014). The Body Keeps the Score: Brain, Mind, and Body in the Healing of Trauma. New York: Penguin.
  4. Putnam, F. W. (1989). "Diagnosis and treatment of multiple personality disorder." Journal of Psychiatry & Law, 17(1), 39-58.

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