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Mandado de Segurança: O Que É e Como Funciona?

Este artigo foi publicado pelo autor Stéfano Barcellos em 05/10/2024 e atualizado em 05/10/2024. Encontra-se na categoria Artigos.

O Mandado de Segurança é um importante instrumento jurídico no Brasil que visa proteger o direito dos cidadãos, assegurando que suas prerrogativas não sejam violadas por atos administrativos ilegais ou abusivos. No contexto do Estado de Direito, o Mandado de Segurança se destaca como um mecanismo eficaz para a defesa dos direitos fundamentais. Neste artigo, iremos explorar detalhadamente o que é o Mandado de Segurança, como funciona, seus tipos, requisitos, prazos, procedimentos e muito mais.

Introdução

Em um Estado democrático de direito, é essencial que os cidadãos tenham acesso a mecanismos que garantam a proteção de seus direitos. O Mandado de Segurança é um dos principais instrumentos legais que permitem essa proteção, sendo uma ação judicial prevista na Constituição Federal de 1988. Ao longo deste texto, vamos entender melhor sua definição, sua importância, e como ele pode ser utilizado no dia a dia, tanto por pessoas físicas quanto jurídicas.

O que é Mandado de Segurança?

O Mandado de Segurança é uma ação constitucional que tem como objetivo proteger o direito líquido e certo que esteja sendo ameaçado ou violado por ato de autoridade, seja por omissão ou ação. Esse remédio constitucional está previsto no artigo 5º, inciso LXIX, da Constituição Brasileira e regulamentado pela Lei nº 12.016/2009. Ele é utilizado quando não há outro recurso disponível para que a pessoa possa garantir seu direito.

O conceito de "direito líquido e certo" refere-se àqueles direitos que podem ser comprovados de forma clara e incontestável, por meio de documentos ou fatos. Ou seja, o autor do Mandado de Segurança deve apresentar provas robustas que demonstrem a legalidade do seu pedido.

Para quem o Mandado de Segurança é destinado?

O Mandado de Segurança pode ser impetrado por qualquer pessoa física ou jurídica, incluindo empresas, associações e entidades sem fins lucrativos. A proteção dos direitos fundamentais se estende a todos os cidadãos, independentemente de sua condição ou status. É importante ressaltar que ele é principalmente utilizado por aqueles que não possuem outros meios para buscar a tutela de seus direitos.

Tipos de Mandado de Segurança

Os Mandados de Segurança podem ser classificados em duas categorias principais:

Mandado de Segurança Individual

O Mandado de Segurança individual é aquele impetrado por uma única pessoa, seja física ou jurídica. Esse tipo de mandado é o mais comum e é utilizado para proteger direitos que estão sendo ameaçados ou violados por ações administrativas.

Mandado de Segurança Coletivo

O Mandado de Segurança coletivo, por outro lado, é impetrado por entidades representativas, como sindicatos, associações ou partidos políticos, em defesa de direitos de um grupo de pessoas. Esse tipo de mandado é fundamental para garantir que direitos coletivos sejam resguardados, especialmente em situações onde muitas pessoas podem ser afetadas.

Requisitos para a Impetração do Mandado de Segurança

Para que um Mandado de Segurança seja aceito pelo juiz, é necessário que alguns requisitos sejam atendidos. Os principais requisitos incluem:

  1. Direito Líquido e Certo: Como mencionado anteriormente, é imprescindível que o autor demonstre a existência de um direito que possa ser comprovado de forma inequívoca.
  2. Ato de Autoridade: O Mandado de Segurança deve ser impetrado contra um ato de autoridade, que pode ser um ato administrativo ou judicial, que esteja ameaçando ou violando o direito do impetrante.
  3. Inexistência de Outros Remédios: É necessário que não haja outro meio ou recurso disponível para que o autor possa garantir seu direito. O Mandado de Segurança é considerado um remédio constitucional de última instância.
  4. Prazos: Os prazos para impetração do Mandado de Segurança são curtos. O autor deve impetrar a ação em até 120 dias contados da data em que tomou conhecimento do ato que pretende contestar.

Como Funciona o Processo do Mandado de Segurança?

O processo de impetração do Mandado de Segurança segue algumas etapas específicas. A seguir, apresentamos um passo a passo de como o procedimento é executado:

1. Petição Inicial

A ação começa com a elaboração de uma petição inicial que deve ser protocolada no judiciário. Essa petição deve conter informações sobre o autor, o ato impugnado, a fundamentação legal e as provas que comprovem o direito líquido e certo do impetrante.

2. Citação da Autoridade Coatora

Após o protocolo da petição, a autoridade que praticou o ato (chamada de autoridade coatora) será citada para prestar informações no prazo de 10 dias. Essa citação é uma formalidade processual que permite à autoridade explicar os motivos que justificaram o ato contestado.

3. Decisão Liminar

Se o juiz entender que estão presentes os requisitos para a concessão, poderá conceder uma decisão liminar, que é uma ordem provisória para suspender o ato que está sendo contestado, garantindo a proteção imediata do direito do impetrante.

4. Decisão Final

Após a citação e o recebimento das alegações, o juiz proferirá a decisão final, que pode ser pela concessão ou denegação do Mandado de Segurança. Caso a decisão seja favorável, o ato da autoridade é anulado, garantindo a tutela dos direitos do impetrante.

Prazos no Mandado de Segurança

Os prazos no Mandado de Segurança são bastante rigorosos e devem ser observados com atenção. O prazo para impetração é de 120 dias a contar da ciência do ato impugnado. Além disso, o prazo para que a autoridade coatora responda é fixado em 10 dias. É essencial que todas as partes envolvidas respeitem esses prazos, pois a não observância pode acarretar a perda do direito à ação.

Conclusão

O Mandado de Segurança é uma ferramenta crucial para a defesa dos direitos dos cidadãos brasileiros. Ele representa a proteção dos direitos fundamentais e é um mecanismo eficaz para garantir que atos administrativos ilegais ou abusivos não sejam perpetuados. Entender sua importância e funcionamento é essencial para que as pessoas saibam como se defender de violações a seus direitos. Com esse conhecimento, o cidadão pode atuar de forma mais consciente e assertiva nas situações que demandam a proteção judicial.

FAQ - Perguntas Frequentes

O que acontece se o Mandado de Segurança for negado?

Se o Mandado de Segurança for negado, o impetrante ainda pode recorrer da decisão, dependendo do caso. A jurisprudência permite alguns recursos, mas o Mandado de Segurança em si não comporta apelação.

O Mandado de Segurança tem custo?

Embora a ação em si não tenha custo com taxa judicial, é necessário considerar que poderá haver despesas com honorários advocatícios, se um advogado for contratado para representar o impetrante.

É possível impetrar Mandado de Segurança contra atos administrativos e judiciais?

Sim, é possível impetrar Mandado de Segurança contra tanto atos administrativos quanto decisões judiciais, desde que se comprovem os requisitos exigidos para sua concessão.

Quem pode ser a autoridade coatora?

A autoridade coatora pode ser qualquer servidor público que tenha praticado um ato que viole um direito líquido e certo. Isso inclui funcionários de órgãos públicos, diretores de escolas, entre outros.

O Mandado de Segurança é um remédio constitucional exclusivo do Brasil?

Embora o Mandado de Segurança seja um instrumento característico do Brasil, outros países possuem mecanismos semelhantes, porém com denominações e procedimentos distintos.

Referências

  1. Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Senado Federal, 2021.
  2. BRASIL. Lei nº 12.016, de 7 de agosto de 2009. Regulamenta o mandado de segurança previsto no art. 5º, inciso LXIX, da Constituição Federal. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 2009.
  3. STJ. Mandado de Segurança: Como Funciona e Como Impetrar. Disponível em: stj.jus.br.
  4. Lattes, J. F. “Mandado de Segurança: Teoria e Prática”. Editora Jurídica, 2019.

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